24 janeiro 2007

Pelo sim, pelo não



O movimento pelo Não atola-se cada vez mais na contradição das suas afirmações; depois de Marques Mendes, Marcelo e César das Neves, é Maria do Rosário Carneiro (deputada católica do PS, dita independente) que defende a despenalização, mas quer votar Não.

A contradição está cada vez mais explícita: "É muito curto que a simples vontade de uma pessoa possa depender da vontade de outra", diz M. Rosário Carneiro, querendo com isto significar que há uma vida que decide sobre a outra. E para os do Não, decide o embrião. Ora o mesmo argumento invertido é o que defendemos: para nós, decide a mulher.

E como realmente o embrião, como toda a gente sabe, não decide nada, o que eles querem é que a lei decida da vida de cada mulher. Em nome do embrião. E vêm novamente prometer aquilo que nunca antes os católicos do PS e do PSD fizeram, nos 9 anos desde o anterior referendo: propor “um anteprojecto de lei no sentido de não criminalizar mulheres que tenham feito abortos clandestinos”. Dá vontade de rir.

Não sei se neste atoleiro de duas causas inconciliáveis, os do Não estão involuntariamente a fazer campanha pelo Sim, ou se, pelo contrário, isso não é uma estratégia de captação dos votantes indecisos apelando àquilo que afinal é consensual: a despenalização das mulheres.

(Recorte do Público de 24-01-2007)

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