08 outubro 2005

Para onde vai o documentário português (3)



Em 2001, no catálogo do último festival da Malaposta,
ficávamos a saber que nesse ano: “entraram em produção, ou foram já concluídos, mais de 100 filmes, 63 dos quais foram este ano apresentados a concurso. A competição nacional conta 33 filmes, aproximadamente o dobro do que vem sendo habitual nas últimas edições dos Encontros (12 na última edição, 18 na anterior)”. Este alto nível de produção de documentários parece ter-se mantido, se considerarmos que o número de filmes portugueses concorrentes ao DocLisboa, em 2004 e 2005, rondou os 70.

No mesmo texto, Tiago Baptista, em jeito de balanço, definia 4 sub-géneros principais do documentário português:

  • “os filmes sobre arte (artistas e exposições, mas também sobre cineastas e suas obras)”;
  • “os filmes autobiográficos, introspectivos e intimistas, espelhados por uma maior experimentação formal”;
  • “os filmes tipicamente ‘documentais’, na escolha e na abordagem de temas sociais contemporâneos”;
  • e "os filmes que interrogam o passado histórico português".

Se tentarmos aplicar estas categorias às edições subsequentes do DocLisboa, o que encontramos?


2002

2004

2005

Arte e artistas

3 e meio

4 e meio

3

Autobiográfico ou intimista

4


3

Tema social

4 e meio

5 e meio

6

Histórico



3

(Os meios pontos referem-se filmes híbridos em relação a estas categorias.)

Em síntese, uma distribuição mais ou menos equilibrada entre os vários géneros, com a exclusão de filmes autobiográficos ou intimistas em 2004 e a recuperação dos históricos em 2005. Numa avaliação precipitada, pois não foram os últimos ainda vistos.

Mas este exercício de aproximação às tendências do documentário não deixa de ser inútil. Não sabemos o que ficou de fora. Nem os filmes se medem pelas sinopses, mas sim pela sua qualidade e interesse, aspectos que um programador deve, acima de tudo, saber avaliar. O principal do meu arrazoado é que este sistema de selecção é injusto, pois exclui, com base num critério exógeno (um número limite), filmes a que deveria ser dada a oportunidade de serem vistos.

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