03 outubro 2005

Para onde vai o documentário português? (2)


A retórica desta pergunta presume que há uma direcção nacional para o cinema. Presunção errada, pois o documentário, como qualquer outro terreno, é plural e diverso. A ideia de que há um rumo para as tendências da cultura e das artes é um artifício que não corresponde à realidade, a menos que se pretenda decidir sobre esse rumo, o que pode ser feito através de uma programação cultural orientada.

Um rumo implica um sentido, uma cabeça pensante. Hoje, quem define os rumos da arte são os comissários, os curadores, os programadores, os “directores artísticos”. O papel dos artistas é encaixarem-se numa lógica de mercado e de criação de públicos segundo as tendências do gosto dominante.

Para avaliarmos “para onde vai o documentário português”, teríamos de saber quais os filmes feitos que ficaram fora da selecção do DocLisboa. Mas a Apordoc – Associação pelo Documentário - demitiu-se dessa incumbência (equitativa para todos os seus associados) quando, em 2003, deixou de publicar o anuário de documentários portugueses que, desde 1999, servia de referência para a produção nacional e constituía um instrumento de conhecimento que nos permitiria, sim, situar o documentário português.

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