27 setembro 2005

Auto-representações (2)



Os filmes experimentais de Morgan Fisher, feitos nos anos 60 e 70, são reflexões formais sobre o processo de fabrico dos filmes. São autometafilmes essencialistas em que apenas vemos fazer o filme que vemos feito. Achei delicioso e humorístico aquele em que uma rapariga nua grava primeiro uma série de perguntas, depois rebobina a fita magnética e responde então às perguntas gravadas que são sobre o seu corpo que ela avalia e nós vemos. Na medida em que a gravação da actriz é espontânea e única, este filme intitula-se Documentary footage, pois é o documentário de uma situação criada e que nunca poderia ser recriada. Só me pareceu acentuadamente pretensioso que, entre tantos experimentalistas que houve durante o século xx, Fisher reclame para si o “esforço de reparação de um lapso cometido pela história”.

(visto ontem na Culturgest/ExperimentaDesign)

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